gabriele parte 4

Como ela sabia que eu freqüentava a biblioteca? Ela era estranha, mas se saia bem, não disse a meus pais a verdade e isso foi bom. Agora meu pai perguntava enquanto a pizza era entregue:
- meu filho não é de ter muitos amigos, na verdade tirando um antigo amigo, acho que jamais nos apresentou um.
- ele tem mais amigos do que o senhor possa imaginar.
- sei. Porque então nunca levou um em casa filho?

Eu não tinha o que dizer, eu não tinha amigos. Como ia levar? Mas Gabi sabia como lidar com eles:
- é que nós nos encontramos sempre na biblioteca. Lá é nosso local de encontros.
- entendo.

Nesse instante o celular de meu pai tocou:
- Me dêem licença sim. Já volto.

Ele se retirou da mesa e aproveitei pra dizer a Gabi:
- eu disse que eles não me entendiam!
- não se preocupe.
- como sabia que eu freqüentava a biblioteca?
- já te vi entrando e saindo varias vezes de lá.
- o que estão conversando?

Dizia minha mãe atenta a tudo.
- nada não mãe.
- a senhora não me acompanha até o banheiro?
- precisa de ajuda mocinha?
- senhora sabe. Estou naqueles dias.
- claro. Porque não?

Fiquei só na mesa. De um lado via meu pai ao telefone, com certeza eram negócios, só sabia fazer isso na vida. E do outro via Gabi cochichando no ouvido da minha mãe. Estavam longe praticamente do outro lado da pizzaria, mas percebi juro que a percebi assoprando no ouvido de minha mãe. Aquilo já estava virando uma nostalgia, hora eu sentia um assopro e agora via ela assoprando. Minha mãe que sorria, acabara de ficar séria e olhava pra mim.
As duas voltaram à mesa, minha mãe se sentou próximo a mim e me abraçou. Ela nunca fizera isso. Mas o mais impressionante viria dela dizendo que me amava.
- desculpa eu ter ficado tão longe de você estes anos filho.
- ta.
- mamãe promete jamais te abandonar de novo.

Olhei pra Gabi e ela sentada a minha frente, sorria como uma criança. O que ela disse a minha mãe eu não sei, mas funcionou, eu acho. Minha mãe de completa estranha à mulher amorosa. Gabi tinha algo especial e eu ainda iria descobrir isso.
Meu pai se juntou a mesa novamente e saboreamos a pizza juntos. Fomos embora, Gabi pediu para deixá-la na casa de uma amiga próximo dali.
Alguns quilômetros depois, nos despedimos:
- tchau Junior.
- ate mais Gabi.
- obrigado pela pizza senhor.
- não foi nada, se cuida.

Dizia meu pai. A deixamos e partimos pra casa.

Passaram se três dias sem que eu a visse. Estava ansioso, angustiado. Tinha de vê-la, mas não sabia onde procura-la. Fui ao bar em que freqüentamos pala primeira vez e nem sinal da garota. Eu sentia saudades, estava voltando a ficar depressivo, então resolvi ir à biblioteca.
Fui direto à sessão de auto ajuda. Peguei o livro The Secret. E comecei a lê-lo. Como diz o livro é só pensar positivo que você acaba atraindo pra si algo positivo. Pensei em algo impossível, queria Gabriela ali, naquele instante. Fechei os olhos e pedi:
- apareça Gabi, apareça Gabi, apareça Gabi...

Todos podem achar mentira, mas ela apareceu. Coincidência? Mero acaso? Ela estava ali sentada na minha frente, assim que abri os olhos:
- surpreso em me ver Junior?
- oi.
- sentiu saudades?
- muita. Pensei que estivesse me abandonado.
- não. Minha missão com você ainda não esta completa.
- missão?
- tenho de devolvê-lo a vida. Você ainda esta depressivo não esta? Por que se não estiver vou-me embora agora.
- não. Ainda tenho vontade de me suicidar.
- há há. Diz isso só pra eu ficar né?
- não estou mentindo.
- eu sei que não. E aí o que esta lendo?
- auto ajuda.
- que ótimo! Esta gostando?
- o livro é bom.
- esta ajudando?
- já ajudou.
- óóóóóó. Gostei de ver. Nada mais triste que um homem depressivo não acha?
- nunca vi um homem depressivo.
- e você o que é?
- um homem solitário.
- não, solitário você não é. Ao meu lado você jamais se sentirá solitário.
- hm hm Deus lhe ouça.
- ele ouve. Pode ter certeza disso.

Ficamos na biblioteca mais uma duas horas. Até atrapalhar a leitura alheia nós atrapalhávamos pelas altas risadas que dávamos.
Deram cinco horas e a biblioteca fechou. O jeito foi arrumar um lugar para irmos e ela escolheu minha casa. Nada mais justo.
Chegamos em casa e mostrei a ela meu quarto:
- quarto arrumado? Nem todos os homens são assim.
- eu não consigo viver em bagunça Gabi.
- faz bem. Nossa, quantos livros!
- tenho mais umas centenas no computador.
- já leu todos?
- a maioria. Tem uns que não gosto, então coloco de lado.
- interessante. Hm? Você leu esse livro?
- qual?
- o doce veneno do escorpião?
- li.
- o que achou?
- picante. Quer ler? Eu te empresto.
- não melhor não.
- há há. Ficou com vergonha?
- vergonha? Eu? Não. Só não gosto desse tipo de livro.
- e do que gosta?
- Arthur Conan Doyle.
- Sherlock Holmes?
- sim. É ótimo.
- também gosto.
- Vejo que tem muitos filmes também Junior?
- eu coleciono.
- tudo original?
- genérico.
- há há. Essa foi boa.
- quem é essa no pôster?
- Sandra Bullock.
- gosta dela?
- admiro seu trabalho.
- então é fã?
- sou fã, mas não sou doentio.
- se ela aparecer agora aqui o que você faz?
- nada.
- nada Junior?
- nada ué. Ela é uma mulher assim como você, não é deusa nem algo parecido. A vejo como uma simples mulher, não tenho vícios nela. Só admiro seu trabalho e que sejamos amigos um dia quem sabe.
- não sonha em namorar com ela?
- não.
- nunca sonhou?
- uma ou duas vezes mas, isso não vem ao caso.
- sei. Engana-me que eu gosto viu?
- não estou te enganando.
- ta bom. E esse PC aqui o que tem nele?
- livros, musicas, fotos, hqs.
- hq? Legal. Tem do homem aranha?
- tem. Tem de todos os heróis.
- você tem disquete?
- disquete? Pra que?
- pra gravar pra mim os hq.
- grave no CD. Disquete é ultrapassado.
- ta bom então o moderninho.
- não sou moderno Gabi.
- to brincando. Posso por umas musicas?
- pode.
- veremos então o que temos aqui.

Ficamos horas escutando musica. Não demorou muito e a empregada nos chamou para a janta. Comemos e logo após nos despedimos:
- eu vou ficar uns dias fora, mas assim que eu voltar eu venho aqui.
- ta bom.
- vem cá, me da um abraço.

Eu adorava abraça-la. Ela tinha um cheiro ótimo:
- a gente se vê.
- até mais junior.

Fiquei duas semanas sem vê-la.

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